quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Luzes da cidade, poema RCF






A cidade lambe sua ferida
enquanto se mumifica na seca.

Úmido de meus humores,
caminho neste deserto
onde nenhuma paixão orvalha.

A angústia de quem é vivo
– os pés já não dão frutos,
o tronco desempinado,
as folhas secas das mãos.

A seca reinventa a fisiologia,
evaporo minhas asperezas.

Os pássaros bicam a claridade,
o branco que tudo empalha.




(Eterno passageiro, 2004)


imagem retirada da internet: lagoa seca by ricardo grimm

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