sábado, 2 de fevereiro de 2019

As águas represadas, poema RCF

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Águas paradas das represas,
jacarés dormindo,
ursos hibernando,
é a fúria contida
no curral das águas.

Quando as águas se soltam
no espetáculo espumoso de ira
das comportas abertas,
libertam-se os cavalos selvagens
desenfreados em sua fuga úmida,
corcéis desabando na cachoeira livre.
As águas correm
aparentemente libertas
para outra vez se aprisionarem
– cavalos bravos mas domesticados
pelas margens do rio
até encontrarem outra represa,
que os acurrala
ou darem com os burros n´água
na imensidão anônima dos oceanos
que não distingue tipo de água
salgando tudo na igualdade
                                     dos mares.


(Terratreme, 1997)

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