sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Frida Kahlo, poema de Matadouro de Vozes

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Em teu andaime de ossos
para construir uma vida
de cor e política,
 o corpo azteca
que retesa os músculos
da existência febril,
eu até diria, de tua
exuberância fabril.
Vontade de se enroscar
em teus panos mais
que coloridos: teus panos
ameríndios, teus panos
pré-colombianos: no
Peru e na Bolívia, com
chapéu de coco espanhol
as mulheres são totens
de carne e roupas
que se moem na paisagem andina.
Teus olhos de vísceras,
tuas sobrancelhas de vício,
teus lábios de Adelita
e  revolução mexicana
são delírios de carmim
que nos meus sonhos se
esvaem feito um relógio de Dalí.



(do livro Matadouro de vozes, 2018)


Um comentário:

  1. Belo poema, Ronaldo. Traduz em carne e verso essa nossa paixão por Frida Kahlo.

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