terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sumária, poema de Angélica Torres


I

Passos vão
passos vêm
entre eles
nenhum meu
à porta do tempo
estancados
à espera dos rumos
vislumbrados
que o mobiliário
cerceia

II

Mas por que
insistem os poetas

em dar olhos
ouvidos e mãos

a pequenas
sincopadas

solitárias
conversas

se a ninguém
interessa

sua desútil
solidão?




Angélica Torres é uma das vozes femininas mais importantes da poesia de Brasília. Jornalista, promotora cultural, Angélica constrói sua obra entre a vocação para a dicção da sensibilidade fotográfica das emoções e o uso verbal lúdico na melhor vertente da poesia contemporânea.

imagem retirada da internet: sapatos portugal porreiro