quinta-feira, 5 de outubro de 2023

A quinta estação, poema

 


 

 


 

 

 

Fui avaro com os verões;

gostaria de ter escaldado

mais as nervuras dos dias densos,

esfarelados como areia do tempo

na ampulheta vertiginosa

das veias que viadutam

em mim

como mariposas à luz

dos meus nervos.

 

Há uma quinta estação

que inverna meus pensamentos,

deixa cair as folhas A4

do outono de minhas renúncias

e primavera minha memória

qual brotos que espocam

à superfície da pele das horas

e em mim

reverbera a estação do fim.