quinta-feira, 4 de junho de 2020

O assassinato, conto RCF


otto dix obras - Pesquisa Google | Produção de arte, Arte política ...


         Está muito claro que fui assassinado naquele verão, à beira da praia, numas férias fora de hora e, poderia dizer, fora de lugar.
         Na vendinha da cidade – caso se possa chamar o vilarejo de cidade –, vende-se tudo: botões, gás, linhas, agulhas, lanternas, botes inflamáveis, revistas, varas de pescar, sardinhas enlatadas (e bem, tudo comestível enlatado) e minha máscara mortuária.
         – O que é isto? – perguntei.
         – Uma máscara – respondeu o dono da loja.
         – Oh uma máscara!
         – Uma máscara.
         – E o que faz uma máscara aqui?
         – O mesmo que uma pilha ou um despertador.
         – Uma pilha e um despertador.
         – Isso mesmo: uma pilha e um despertador.
         – Um despertador!
         – Ou outro objeto qualquer na loja. Aqui é uma loja – disse o vendedor. – As pessoas vêm, escolhem o que querem, pagam e vão embora.
         – Um despertador, ora bolas! Um despertador!
         O homem olhou-me abismado.
         E assim me levou para conhecer o inferno que estava dentro de um caixote. O inferno era azul e tinha botões dourados.


(conto de Manual de Tortura)

A cidade na literatura e outros ensaios, lançamento


Sumário


A cidade no cinema e na literatura

            – A cidade no cinema ........................................................................

            – A invenção da cidade pela literatura ...............................................

            – O romance: um estudo de caso utopia x ruína .................................

            – O poeta e a cidade ............................................................................


A permanência da poesia num mundo de impermanência

            – Teoria da poesia

            – Baudelaire e o crime estético

– Mário de Sá-Carneiro e reflexividade


Oito dedos de prosa

           

–Gabriel García Márquez: os arquétipos em Cem anos de solidão....

            – Revolução no Caribe: O século das luzes, de Carpentier ................

– O prisioneiro da solidão: uma leitura de O amanuense Belmiro....

Os tambores de São Luís, de Josué Montello ................................

            De repente nas profundezas do bosque, de Amós Oz ....................

Ficções, Jorge Luis Borges

Luz em agosto, William Faulkner

– Guillermo Cabrera Infante: a oralidade em Três Tristes Tigres



Machado, sempre Machado

            – Os contos fantásticos de Machado de Assis ....................................


Dois poetas do Maranhão

– Infância e aprendizado do mundo em José Chagas ........................

            – O cárcere das almas, sobre Nauro Machado ...................................


Academia Maranhense de Letras.
Rua da Paz, 84. Centro
65 020-450. São Luís. MA.
Preço: R$ 30,00