domingo, 16 de julho de 2023

Encontro marcado , poema

 



 

 

 

Minha poesia é assim:

às vezes marca encontro

e não aparece.

Outras, chega atrasada

e não me conta por onde andou.

Tem vezes que a encontro ao acaso.

Tem outras que busco e busco

nos lugares conhecidos:

a casa, o trabalho,

o bar que ela frequenta.

Já a vi no trottoir

das calçadas de má fama.

Quanto mais ordinária

mais me atrai

no seu comércio do corpo

do verbo

– o verbo é licencioso –

ou da alma

– os substantivos

são mais comuns

na periferia do espírito.

 

O importante é que venha

com seu vestido de verbos,

sua girândola de imagens

e sua perversão pelo sublime.

 

Minha tara são as palavras

que gozam ao artifício

comum a dois gêneros

chamada imaginação.

 

Minha poesia não nasce poesia,

a poesia se torna poesia.

Minha poesia tem lábios grandes

e me sussurra.