terça-feira, 8 de março de 2022

O lugar do desmedido, poema RCF







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A casca madura a razão, 
fende e excreta o que aprisiona.
O boneco sem formas 
expulsa da caixa
surpresa o claro.
É a insônia do novo, 
o meio–dia alpino
de quem se alimentou de lama espessa, 
nutriu-se de útero medonho, 
pousou em gosma desprezível.

Água a claridade 
nevoa o lúcido 
turva a reta
abisma o exato
tange o boi da desrazão. 

A imaginação masmorra 
no ovário da vigília,
obscura as paredes.

Não quero mais viver 
com os olhos do princípio
nem com a mão sulforosa do aperto.






(do livro Matadouro de vozes, 2018)