sábado, 5 de fevereiro de 2011

TIREM AS MÃOS DAS NOSSAS BIBLIOTECAS

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Ontem foi o dia nacional de protesto na Inglaterra. O governo planeja cortar o subsídio para 400 bibliotecas.

           
O país patinou o ano passado. Sua economia cresceu apenas 0,2 %, ou seja nada. E, no mundo de hoje, quem não cresce dança.

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A cultura, sempre a pobre cultura, é a primeira a receber os socos do capital.

Aqui, em Brasília, fui vender livros no sebo. Eram livros importantes, de autores clássicos, que eu vendia porque comprara nova edição. Recusei o preço do sebo e disse que ia doar para uma biblioteca. A vendedora, filha da dona, me olhou e fulminou: Não faça esse crime.


Ou seja, todos somos criminosos. Todos gostamos de ler, todos algum dia frequentaram bibliotecas. O que estamos fazendo livres? Cadeia para os leitores.
Um grupo resolveu satirizar e, de maneira criativa, reaproveitou cartazes da Primeira e da Segunda Guerra Mundial. É o que se vê ao lado.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Conto de Geraldo Lima

Sangue
                                                 



Por Geraldo Lima

        Tantos anos de amizade, e só agora a coisa se revelara. Por quantas vezes estivera prestes a se libertar da masmorra da consciência? Que resquícios de virtude a havia prendido esse tempo todo na teia de neurônios? 
        Então, estava dito? Culpa da embriaguez? Cegueira e estupidez causadas pela ira? Ou o vírus já estava incubado lá, no âmago, aguardando apenas um motivo para vir à tona? Estava dito. O outro recuou espantado: Não tô te reconhecendo, cara. Você não pode repetir isso. Mas o outro repetiu: uma, duas, três vezes, assim, na bucha.
        Os dois, durante anos, dividindo a calçada, a cerveja, a solidão e as trevas. Agora...
         Não deveria ter dito isso, não assim nesse estado, nesse momento; não desse modo, com esse tom de voz, com essas palavras: palavras são armas fatais, meu amigo. E a arma branca, nas mãos negras, brandida com fúria, retalhando o ar.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Morre Maria Schneider: meu primeiro tango em Paris

Maria Schneider em julho de 2010 (esquerda) e com 19 anos em cena do filme "Último Tango em Paris"

"Maria morreu esta manhã em Paris após uma longa enfermidade", declarou um parente da atriz, que tinha apenas 19 anos quando protagonizou o filme de Bernardo Bertolucci, que estreou em 1972 e ficou proibido pela censura da ditadura militar no Brasil por mais de uma década. A atriz continuou atuando até 2008, mas ficou marcada para sempre pelo filme com Marlon Brando. Ela teve mais um filme aclamado pela crítica em seu currículo, "O passageiro: profissão repórter" (1975), de Michelangelo Antonioni, ao lado de Jack Nicholson", escreveu O Globo.
Cheguei em Paris em 24 de dezembro de 1972. Tinha a mesma idade de Maria Schneider. Eu não sabia nem mesmo que filme eu ia ver com os paulistas que me hosperam na Rue du Dragon, na Rive Gauche. Era fevereiro de 1973 e fiquei fascinado com a beleza de Maria que imaginava ser bem mais velha que eu. Dancei. Foi o meu primeiro tango. Talvez tenha sido o último. Sempre me perguntei onde andava Maria Schneider.
A última cena de Maria foi rodada. Seu enterro e a palavra The End antes dos créditos.