terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

A especiaria dos despojos, poema RCF






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Tenho o temperamento das especiarias. 
Cravo os dentes na manhã.
Outras vezes, voz moscada 
a noite
como um louco amanhece nublado.

A droga dos sentidos,
a farmacologia do bem e do mal.
Nada em mim é sobrante.
A pele como um casco de navio
que separa dois mundos.



(do livro Matadouro de vozes. Rio: 7Letras, 2018)


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