sábado, 12 de agosto de 2023

Não tem jeito, poema

 


 


 

 

 

 

Pensei em ser mais simples

– simples como estou sendo agora –

e que mais simples

podia supor Deus

e que, no efêmero,

estaria a aposta do divino.

 

Tranquei então as metáforas

que suam suas facas de dois gumes

e evitei os desvios

que são esquinas das palavras

para me mostrar

mais cordato com o dia.

 

Quis ser solar

como uma laranja

e exibir os dentes

na maciez das frutas maduras,

mas descobri, não tem jeito,

que sou turvo

como os rios

que se enroscam

e noturno como uma nota musical

numa sala vazia.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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