sábado, 20 de abril de 2024

O sagrado e o profano, poema

 

 

 


 

 

 

Entre os versículos

de que mais gosto

estão os do profeta

Carlos que foi um anjo torto.

 

Os salmos são

os de Andrade

que recitam o desvario

da cidade

e a gota de sangue

que pinga em cada aleluia.

 

Meus cânticos

são do jardineiro

Charles que cultivava

rosas do mal.

 

O meu Cântico dos cânticos

é o do cantor cego:

Homero ou Borges:

um cantou a guerra,

outro Ulisses sem mastro

ou cera de abelha

para cair na tentação

das bibliotecas.

 

Minha bíblia

é um evangelho

segundo João,

não o Batista,

mas o do Recife,

primo de Manuel,

neto de outro Cabral.

 

 

 

 

 

 

 

 

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