sábado, 18 de junho de 2022

A imagem em arabesco, poema RCF









Todas as informações do mundo desabam sobre mim.
Minha caixa postal tem o código do mundo
e notícias dramáticas como telegrama
digitam o horror em imagens viscosas.

Todo o mundo cabe nos meus dedos
e meu coração está engordurado 
de vítimas tensas.
Os arabescos das minhas mesquitas
de equívocos,
os traços telegráficos 
da minha sinagoga de descrenças.

Leitor de mim, não me noticio,
não me informo,
três vezes execrado 
em todas as línguas escravas
escondido entre as teclas mulçumanas
da minha pequenez
que sempre me lê ao revés.





(do livro Matadouro de vozes. Rio: 7Letras, 2018)

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