sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

UM POETA NO EGITO

O poeta egípcio Ahmad Jamani foi perguntado pela imprensa internacional o que pensava sobre a revolta do povo contra Mubarak.



Egypt's military leaders meet as angry protesters mass
"Os jovens querem uma mudança radical", respondeu Jamani. "O que está acontecendo hoje no Egito é, na minha opinião, algo totalmente novo; desde a revolta egípcia de 1919 contra a ocupação inglesa não houve qualquer outra revolução popular com a intensidade da atual. Alguns já a chamam de "maio de 68 árabe". Jovens modernos chamados de "os do Facebook", a maioria dos quais carece de filiação política, decidiram começar a revolta em 25 de janeiro, dia nacional da polícia egípcia, o que se transformou em um símbolo contra a violência e a tortura. Decidem e conseguem, levando a centelha tunisiana para um país que tem tanta dificuldade para se mover e de grande importância tanto geopolítica quanto demográfica".






(imagem retirada da internet)

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Conto de Jádson Barros Neves

A Flor no Labirinto




Aconteceu na manhã da terça-feira, quando lhe telefonaram avisando que ela tinha ido embora – na noite da segunda, tinham feito amor e sofrido muitas outras alegrias. Avisaram para o rapaz não se espantar, quando encontrasse a casa vazia, e também disseram que a mulher não queria telefonar. Não queria mais falar com ele, foi o que disseram.
Na terça-feira, portanto, ele volta para uma casa silenciosa e abandonada, sentindo como se de noite uma enchente tivesse alagado o local, enquanto ele dormia, e houvesse levado tudo. O pássaro solitário, mudo na gaiola, olha-o obliquamente. O videocassete, de painel luminoso, onde ele via as horas (seu jeito de saber o tempo, pois nem mesmo um relógio de pulso usara em toda a vida), havia sumido. Vagueia pelo ambiente devastado com a súbita mudança, até quando os últimos fogos do dia se rompem numa penumbra crescente. O telefone ficou mudo o tempo inteiro. O rapaz e seu silêncio pensativo dormem cedo, nessa primeira noite.
De madrugada, acorda com os bem-te-vis lançando numa aurora laranja seu bem-te-vi amarelo. Deixa a cama silenciosa, veste-se e vai para o serviço. Lá, também nenhum telefonema. Chove, e ele contempla a chuva raiada de sol: casamento de raposa, ensinaram-lhe quando criança. Na quinta-feira, ainda não se acostumou ao silêncio, à ausência do toc-toc dos tamancos na cerâmica, ressonando em seu despertar, e do vazio dos olhos dela e seus cílios grandes sorrindo para o beijo-borboleta no rosto dele adormecido sobre o travesseiro. Mal suporta a ausência do silêncio, quando antes ela se penteava no espelho oval da cômoda, ainda refletindo o primeiro dourado do amanhecer. Não sente fome, pelo meio-dia, não sente fome. Uma faxina na casa. Depois, reler velhas cartas, com seu conteúdo para sempre danificado. Recupera mentalmente os atos da terça-feira: um beijo, até mais tarde, ela dissera, até mais tarde.
Após um dia branco, a noite da sexta-feira esfria. Não foi trabalhar, e o pássaro o observa de lado, quando ele passa do quarto para a área de serviço e da área para o quarto, levando e trazendo roupas e lençóis. Dorme cedo, cansado. Em algum instante de seu sono, estende o braço para o lado da cama onde ela se deitava. Ela: hipotenusa de cetim de bruços no colchão, durante muitas e muitas tardes esquecidas. Ele: o cateto oposto, sentado na cama, olhando o corpo da mulher zebrado pela luz das persianas, após conversas e brigas, que acabavam em longos silêncios. 
Acorda de madrugada e fica olhando a escuridão diluir-se na claridade cinzenta. Volta a dormir, e o hábito do sábado o desperta outra vez para o quarto de luz intensa e as crianças brincando e gritando na rua, a janela aberta. Mais tarde, ouve pela primeira vez na semana a primavera-imitadora cantar na gaiola – ela se calava docemente à flauta do passarinho, confusa floresta de vários pássaros juntos. O sábado à tarde: silêncio, livros, solidão. Quebra o telefone.
Praia, sozinho, no domingo, e esse mar esmeralda que acaricia o céu dentro dos olhos também cor de esmeralda. Mais tarde, com marecéu carmesim, o rapaz volta para casa exausto, com seu corpo salgado cheirando a sol. Move-se na penumbra, como um gato. Acende a luz do quarto e contempla o colchão ainda baixo no lugar onde ela dormia. Descobre um pouco de ternura no guarda-roupa: um par de tamancos gastos, a letra formiguinha num bilhete e um pacote de absorventes devassado. Por quê? Por quê não com o marido?, se pergunta, sem pensar em outra coisa.
Também descobre, murcha num canto da gaveta, uma calcinha azul: única seda em seu caminho. Agora terá a vida inteira para se perguntar.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO

Birmingham library


Enquanto pesa a ameaça de fechamento de 481 bibliotecas (422 prédios e 59 bibliotecas móveis), a Library of Birmingham, com inauguração marcada para o verão de 2013, custará 190 milhões de libras. Terá teatro, dez andres, incluindo anfiteatro, centro de música, galeria, o British Film Institute, centros de saúde, negócio e cafeteria e loja de conveniência, além de uma pavilhão somente dedicado a Shakespeare.
(As informações são da Public Library News)