Pensei no nome Neruda
como algo rústico e vital.
Neruda é teu mar doce,
tuas mãos obreiras de cobre,
tu perfil de otoño y relumbre,
tua cara de abañil
y costumbre
de sollozos en la tarde quimérica.
Subo a la cumbre
de teus montanhosos versos
e percebo que a natureza
me fez mesquinho e de cobre.
Não conheço o invento
das marés
nem tampouco as luzes do norte
que insistem em alvorecer
os crimes de amor.
Na baixa estação
dos pássaros do vento
de verão
que voam com asas quentes
me abrigo
ao desamparo
dos horizontes
cheios de talvez y líneas
que não se alcançam
porque ilusórias.
No pescado tempo
de tua paisagem americana
me agasalho
nos sentimentos andinos
de ser pouco
e múltiplo
como uma lhama
que apascenta
o sol da montanha.
Neruda es tu mano
argentina, tu rostro chileno,
tu palavra de América,
os pés andarilhos de pluma
tu aventura de desierto
y pasión,
o corpo labiríntico
dos pré-colombianos.
Neruda é tua paixão
pelo mito da água,
Neruda é teu vício
do tempo
e teu ar universal
onde estarás sempre
e sempre respirarás
o atacama
do mundo.