Quando morrer, não verei mais
o vaso de louça andaluz da varanda,
mas ele continuará lá.
Quando morrer,
não mais ouvirei o canto verde dos periquitos
mas elas continuarão a voar
e amanhecer a manhã verde.
Quando morrer,
não mais me verei ao espelho,
mas ele continuará lá
porque haverá outros rostos
para terem a ilusão de que vivem.
(do livro Memória dos Porcos, Rio: Ed. 7Letras, 2012)