A rotina muralha o dique das vontades.
Tudo comporta minha voracidade represada.
As hélices da liberdade
logo percebo são asas de borboleta,
lúbricas, mas aleatórias e divergentes.
O que me põe elétrico são as turbinas do sonho.
Em outros momentos, seco-me.
Desaba sobre mim o desânimo.
Não sinto nenhuma energia.
Só uma queda na seca.
Um arame de água
– o desconforto do abismo –
nada de mar vertical,
o drama de esperar
a catarata do tédio
as sete quedas da semana.
(do livro MEMÓRIA DOS PORCOS. Rio: 7Letras, 2012)
(Sete Quedas, de Reginaldo Pereira)