Tenho
vizinhos
de
todas as espécies:
os
domésticos e os de alvenaria.
Os
da rua moram
parede
a parede
com
o síndico das ordenanças
e do
bom convívio.
Os
domésticos
costumam
latir de madrugada,
são
cães subalternos à lua.
Há
outros que se avizinham
a
meu medo,
à
minha desconfiança
e
não há síndico
que
o ordene ou crie
o
bom convívio.
Os
síndicos dos vizinhos domésticos
são
inferiores, turvos
e se
misturam à balbúrdia do pensamento.
A
vizinhança doméstica
coloca
o som alto
da intolerância
comigo mesmo,
arruaça
meus cabelos
e
minha temperança,
joga
o lixo do passado
na
calçada dos anos.
E
nada posso fazer
senão
conviver com o vizinho
dos
destroços
que
não me deixa sossegar.
Não
posso reclamar
ao
síndico pois nos convívios
tumultuosos
que habitam a casa interior
da minha
vizinhança espúria
sou
eu mesmo meu síndico.