
I
Passos vão
passos vêm
entre eles
nenhum meu
à porta do tempo
estancados
à espera dos rumos
vislumbrados
que o mobiliário
cerceia
II
Mas por que
insistem os poetas
em dar olhos
ouvidos e mãos
a pequenas
sincopadas
solitárias
conversas
se a ninguém
interessa
sua desútil
solidão?
Angélica Torres é uma das vozes femininas mais importantes da poesia de Brasília. Jornalista, promotora cultural, Angélica constrói sua obra entre a vocação para a dicção da sensibilidade fotográfica das emoções e o uso verbal lúdico na melhor vertente da poesia contemporânea.
imagem retirada da internet: sapatos portugal porreiro