domingo, 23 de abril de 2023

Açougue , poema

 


 

 

 

 


Escrevo a ponta de faca,

meu lápis tem gume

e minha folha se abre

na gordura branca da carne exposta.

 

Por isso sou curto e grosso

e vou espalhando licenciosidades

e versos rudes

como um açougueiro

que vende tripas.

Sou triste e vesgo

e assim não me vejo com bons olhos.

A carne moída dos meus poemas

e a sensação de que frito

na luz azul que mata mosca:

o circuito do meu verso é curto.

 



tela: Quido Viaro