Escrevo a ponta de faca,
meu lápis tem gume
e minha folha se abre
na gordura branca da carne exposta.
Por isso sou curto e grosso
e vou espalhando licenciosidades
e versos rudes
como um açougueiro
que vende tripas.
Sou triste e vesgo
e assim não me vejo com bons olhos.
A carne moída dos meus poemas
e a sensação de que frito
na luz azul que mata mosca:
o circuito do meu verso é curto.