sábado, 12 de abril de 2025

O fósforo e a exaustão, poema


 

 





 

Os fósforos se imolam

consumidos pelo fogo.

Mas para mim

são a imagem da exaustão

que os consomem.

Sinto que um dia

morrerei como um fósforo,

um homem exausto de viver

e consumido

pelo fogo da vida.

 

 

 

 

 

 

 

 

 


sexta-feira, 11 de abril de 2025

Abalo sísmico , poema


 

 


 

 

O centro do mundo me abala.

Se movem dentro de mim

placas tectônicas

de contrastes turbulentos

entre a maciça certeza

e o bloco monolítico

das opiniões equivocadas.

 

A escala Richter do que vivo

abala minhas estruturas.

Fico me perguntando

se tremo nas bases

ou se o mundo é torto

e cospe fogo.

Minhas mãos conhecem

o abalo sísmico do que toco.

Em meio aos tremores,

amor é o meu epicentro.

 

 

 

 

 

 

 

 


quinta-feira, 10 de abril de 2025

Formigável, poema


 

 






 

 

 

Formiga em mim

uma necessidade de saúva.

Corto as folhas da relva

dos meus poemas.

A cabeça grande das ideais tolas

e o sacrifício de carregar

o dobro do meu peso.

A fila indiana

dos meus problemas

cria em mim

a doce ilusão de viver tranquilo.

Em meu formigueiro

há o desânimo animal da espécie:

o amargo encargo da realidade.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 8 de abril de 2025

O fósforo e a exaustão, poema

 








 


 

 

Os fósforos se imolam

consumidos pelo fogo.

Mas para mim

são a imagem da exaustão

que os consomem.

Sinto que um dia

morrerei como um fósforo,

um homem exausto de viver

e consumido

pelo fogo da vida.

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Goya, poema RCF

 




Há um instante

                        entre o desejo de um homem

                        e a fúria de Deus

                        que a luz falsa dos quadros

                        passa a ser única capaz

                                    de iluminar o destino

                                                                       verdadeiro.

 

 

Bruxo torturado

- de cortes e demônios –

tua pintura

                        esconde o rosto

                                    de um deus desfavorecido

e revela

            a natureza dos humores

            e a outa face dos sentidos.

 

 

Em ti habitam a guerra

            - os fuzilamentos do homem - ,

            os inimigos do povo,

            o rosto rude da nobreza.

            Tua alma é

            - apenas –

            delicada,

            uma pincelada

            de gozo

            e

            pavor.

 

 

Tu e tua duquesa de Alba,

            e as nudezes femininas de tua alma,

            tua mudez principesca

e tua Saragoça e ensandecida,

tuas cúpulas de catedral

teus santos perdidos e infernais

tuas Mayas Desnuda e Vestida,

corte de talho rigoroso,

depois teu exílio no traço

            espanhol de tua pintura

            e na geografia de

            refugiado de Bordéus.





(do livro Estrangeiro, 1997, Sette Letras)