Os
fósforos se imolam
consumidos
pelo fogo.
Mas
para mim
são
a imagem da exaustão
que
os consomem.
Sinto
que um dia
morrerei
como um fósforo,
um
homem exausto de viver
e
consumido
pelo
fogo da vida.
Os
fósforos se imolam
consumidos
pelo fogo.
Mas
para mim
são
a imagem da exaustão
que
os consomem.
Sinto
que um dia
morrerei
como um fósforo,
um
homem exausto de viver
e
consumido
pelo
fogo da vida.
O centro
do mundo me abala.
Se
movem dentro de mim
placas
tectônicas
de
contrastes turbulentos
entre
a maciça certeza
e o
bloco monolítico
das
opiniões equivocadas.
A escala
Richter do que vivo
abala
minhas estruturas.
Fico
me perguntando
se tremo
nas bases
ou
se o mundo é torto
e cospe
fogo.
Minhas
mãos conhecem
o
abalo sísmico do que toco.
Em
meio aos tremores,
amor
é o meu epicentro.
Formiga
em mim
uma
necessidade de saúva.
Corto
as folhas da relva
dos
meus poemas.
A
cabeça grande das ideais tolas
e
o sacrifício de carregar
o
dobro do meu peso.
A
fila indiana
dos
meus problemas
cria
em mim
a
doce ilusão de viver tranquilo.
Em
meu formigueiro
há
o desânimo animal da espécie:
o
amargo encargo da realidade.
Os
fósforos se imolam
consumidos
pelo fogo.
Mas
para mim
são
a imagem da exaustão
que
os consomem.
Sinto
que um dia
morrerei
como um fósforo,
um
homem exausto de viver
e
consumido
pelo
fogo da vida.
Há
um instante
entre o desejo de um
homem
e a fúria de Deus
que a luz falsa dos
quadros
passa a ser única capaz
de iluminar
o destino
verdadeiro.
Bruxo
torturado
-
de cortes e demônios –
tua
pintura
esconde o rosto
de um deus
desfavorecido
e
revela
a natureza dos humores
e a outa face dos sentidos.
Em
ti habitam a guerra
- os fuzilamentos do homem - ,
os inimigos do povo,
o rosto rude da nobreza.
Tua alma é
- apenas –
delicada,
uma pincelada
de gozo
e
pavor.
Tu
e tua duquesa de Alba,
e as nudezes femininas de tua alma,
tua mudez principesca
e
tua Saragoça e ensandecida,
tuas
cúpulas de catedral
teus
santos perdidos e infernais
tuas
Mayas Desnuda e Vestida,
corte
de talho rigoroso,
depois
teu exílio no traço
espanhol de tua pintura
e na geografia de
refugiado de Bordéus.
(do livro Estrangeiro, 1997, Sette Letras)