terça-feira, 27 de agosto de 2024

O elefante e a tristeza, poema

 


 

 


 

 

 

O verão chega

com suas patas pesadas.

Um corpo

que é um grande estômago

– um buda de quatro

que locomove o corpo

como se carrega

um grande cofre de couro.

Uma tromba

aspira ao mundo:

uma investigação olfativa.

O elefante ocupa mais mundo

que lhes cabe aos outros animais.

Um cachalote das selvas.

Assim é a tristeza

e suas pernas pesadas,

seu corpo de ventre do mundo,

o budismo sem sossego

da melancolia.

O cofre vazio das certezas,

logo a derrota

que ocupa mais mundo,

a tristeza

como o cachalote das trevas.