
(Matadouro de vozes, 2018, 7Letras)

ganhou, entre outros, os prêmios de Revelação de Autor da APCA, o Casa de las Américas e o Guimarães Rosa. No ano de 1998, edita Terratreme, poesia, livro que recebeu o Prêmio Bolsa de Literatura, pela Fundação Cultural do DF. Durante nove anos dirigiu o Centro de Estudos Brasileiros da Embaixada do Brasil em Caracas. É Doutor em Literatura pela UnB. Em 2000, publica o livro de poemas Andarilho, da ed. 7Letras. Em 2004, sai Eterno Passageiro (Ed. Varanda). Em 2005, pela Ed. LGE, lança o romance O viúvo, que o crítico Adelto Gonçalves chamou “de uma das primeiras obras primas da literatura brasileira do séc. XXI”. Em 2007 lançou dois livros: Manual de Tortura (Esquina da Palavra, contos, 2007) e A Ideologia do personagem brasileiro (Editora da UnB, ensaio, 2007). Em 2009, sai A máquina das mãos, poemas, publicado pela 7Letras, que ganhou o Prêmio de Poesia 2010, da Academia Brasileira de Letras. Em dezembro de 2010 lança o romance Um homem é muito pouco. Memória dos Porcos é publicado em 2012. O difícil exercício das cinzas, de 2014, é seguido pelo livro de ensaios A cidade na literatura (2016) e, mais recente, Matadouro de Vozes (2018)
Teus rios são feitos
de água
mais intestina: a
água da terra
revolta que se move
num
enorme estômago de
areia,
barro e água, um
tempero
que nem franceses,
nem portugueses,
muito menos
holandeses,
puderam acalmar na
azia dos tempos.
Tenho em mim um
bumba-meu-boi
numa caixinha de
música:
a cabeça roda os
pinos e os brincantes
bêbados se apresentam
mambembes
no pátio da casa do
desembargador.
Com os anos, rolei
mundo,
esta outra caixa sem
música,
que vai silenciando a
memória,
e os casarões de pé
direito alto
arquitetaram saudades
e fotos
nos azulejos da
infância
que se despregam
fácil
e são substituídos
por outros falsos:
são gente de outra
época
que se prega na
parede dos dias.
Meu patrimônio são
duas peças de roupa:
uma de marinheiro
com que posei, na
fotografia, de órfão
e outra de índio
para um eterno
carnaval
em que ia contra a
corrente
de gente e versos,
que são correntes de
gosto
e compostas de vazio
e tombamento.
Tenho quatrocentos
motivos
para ser uma cidade
em constante viagem,
sem paradeiro que a
sossegue
e sem destino que a
cumpra.
ganhou, entre outros, os prêmios de Revelação de Autor da APCA, o Casa de las Américas e o Guimarães Rosa. No ano de 1998, edita Terratreme, poesia, livro que recebeu o Prêmio Bolsa de Literatura, pela Fundação Cultural do DF. Durante nove anos dirigiu o Centro de Estudos Brasileiros da Embaixada do Brasil em Caracas. É Doutor em Literatura pela UnB. Em 2000, publica o livro de poemas Andarilho, da ed. 7Letras. Em 2004, sai Eterno Passageiro (Ed. Varanda). Em 2005, pela Ed. LGE, lança o romance O viúvo, que o crítico Adelto Gonçalves chamou “de uma das primeiras obras primas da literatura brasileira do séc. XXI”. Em 2007 lançou dois livros: Manual de Tortura (Esquina da Palavra, contos, 2007) e A Ideologia do personagem brasileiro (Editora da UnB, ensaio, 2007). Em 2009, sai A máquina das mãos, poemas, publicado pela 7Letras, que ganhou o Prêmio de Poesia 2010, da Academia Brasileira de Letras. Em dezembro de 2010 lança o romance Um homem é muito pouco. Memória dos Porcos é publicado em 2012. O difícil exercício das cinzas, de 2014, é seguido pelo livro de ensaios A cidade na literatura (2016) e, mais recente, Matadouro de Vozes (2018)