sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Rio preguiça, poema Matadouro de vozes




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O rio sobe nas árvores 
com suas garras de lentidão 
e seus olhos cheios d’água. 

A preguiça serpenteia 
a blandície das águas, 
quase é uma lagoa 
se não lhe escapam mãos.

O bicho pertence a uma época
quando não havia velocidade 
rumo ou destino ruidoso, 
tudo era fantasia de espaços, 
a maré contida por pelos, 
a morosidade dos braços d’água. 
O rio preguiça 
não se captura, 
flui em seu esforço pluvial 
de espécie a ser extinta: 
a podridão dos ossos 
e o rio a subir o arvoredo do homem.




(Matadouro de vozes, 2018, 7Letras)





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