A ponte mostra sua corcova de pilotis,
espinha dorsal pronta para receber
a peridural de cimento,
o aço que anestesia.
A ponte assim descarnada,
pura estrutura,
no compasso ainda da prancheta,
ansiedade das margens que se esperam,
a ponte é um feto de ferro
em sua placenta esparramada de água.
(do livro Eterno passageiro. Brasília, ed. Varanda, 2004)