Minha
poesia é assim:
às
vezes marca encontro
e
não aparece.
Outras,
chega atrasada
e
não me conta por onde andou.
Tem
vezes que a encontro ao acaso.
Tem
outras que busco e busco
nos
lugares conhecidos:
a
casa, o trabalho,
o
bar que ela frequenta.
Já
a vi no trottoir
das
calçadas de má fama.
Quanto
mais ordinária
mais
me atrai
no
seu comércio do corpo
do
verbo
–
o verbo é licencioso –
ou
da alma
–
os substantivos
são
mais comuns
na
periferia do espírito.
O
importante é que venha
com
seu vestido de verbos,
sua
girândola de imagens
e
sua perversão pelo sublime.
Minha
tara são as palavras
que
gozam ao artifício
comum
a dois gêneros
chamada
imaginação.
Minha
poesia não nasce poesia,
a
poesia se torna poesia.
Minha
poesia tem lábios grandes
e
me sussurra.