A Academia Brasileira de Letras
(ABL), com o apoio da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, acaba de lançar
o livro Tomás Antônio Gonzaga, que
reúne uma antologia com excertos dos melhores poemas do poeta e um estudo
biográfico-crítico preparado por Adelto Gonçalves, doutor em Letras na área de Literatura
Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP) e autor de Gonzaga, um Poeta do Iluminismo (Rio de Janeiro, Nova Fronteira,
1999), sua tese de doutorado.
Tomás
Antônio Gonzaga, patrono da cadeira 37 da ABL, é o volume nº 56 da Série
Essencial, que se propõe a oferecer informações básicas sobre cada um dos
ocupantes das 40 cadeiras da Academia ao longo da História, bem como sobre os
patronos da instituição. Acompanhados de sucinta antologia, os volumes, sob
responsabilidade de acadêmicos ou de especialistas, pretendem atingir um
público amplo e diversificado e despertar no leitor o interesse de se
aprofundar no conhecimento da obra de todos aqueles que tiveram seus nomes para
sempre vinculados à ABL.
Nascido no Porto, Tomás Antônio
Gonzaga (1744-1810), autor de Marília de
Dirceu, a coleção de poemas líricos mais popular da literatura de Língua Portuguesa,
formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e exerceu, entre outras funções
na magistratura, o cargo de ouvidor-geral da comarca de Vila Rica, Minas
Gerais, de 1782 a 1788. Em 1789, já fora do cargo, foi alcançado pela devassa
aberta para apurar denúncia de conspiração para a derrubada do governo do capitão-general
visconde de Barbacena, a chamada Inconfidência Mineira.
Detido, Gonzaga foi encaminhado para
a fortaleza da Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Da prisão, pediu a um amigo
que levasse para Lisboa os originais da Marília
de Dirceu, que saiu à luz em 1792 pela Tipografia Nunesiana. Naquele ano,
seria condenado a degredo na Ilha de Moçambique, na costa oriental da África,
onde exerceria funções na magistratura, como a de promotor de defuntos e
ausentes. Quando morreu aos 65 anos, era juiz da alfândega. Na Ilha de
Moçambique, casou-se com Juliana de Sousa Mascarenhas, filha de Alexandre
Roberto Mascarenhas, escrivão da ouvidoria-geral desde 1775 e tabelião público.
Na África, Gonzaga comporia alguns versos e “A Conceição”, poema épico
inspirado no naufrágio do navio Marialva
em 1802, cujos originais (em parte) estão hoje na Biblioteca Nacional do Rio de
Janeiro.
O autor
Adelto Gonçalves (1951), jornalista,
autor do estudo biográfico-crítico, é também mestre na área de Língua Espanhola
e Literaturas Espanhola e Hispano-americana pela USP. É professor titular da
Universidade Santa Cecília (Unisanta), no curso de Jornalismo, e da
Universidade Paulista (Unip), no curso de Direito, ambas em Santos-SP. É também professor de Literaturas Portuguesa,
Brasileira e Africanas de Expressão Portuguesa.
Sua estreia na literatura deu-se em
1977 com o livro de contos Mariela Morta.
Em 1980, foi um dos ganhadores do Prêmio Nacional de Romance José Lins do Rego,
da Livraria José Olympio Editora, do Rio de Janeiro, com o livro Os Vira-Latas da Madrugada, publicado em
1981. Em 1986, obteve o Prêmio Fernando Pessoa da Fundação Cultural
Brasil-Portugal, do Rio de Janeiro, participando do livro Ensaios sobre Fernando Pessoa com o trabalho “O ideal político de
Fernando Pessoa”.
Conquistou os prêmios Assis
Chateaubriand de 1987 e Aníbal Freire de 1994, ambos da ABL. Em 2000, com Gonzaga, um Poeta do Iluminismo,
ganhou o Prêmio Ivan Lins de Ensaios da União Brasileira de Escritores e da
Academia Carioca de Letras. Em 1997, publicou o livro de ensaios e artigos Fernando Pessoa: a Voz de Deus (Santos,
Universidade Santa Cecília).
Em 1999, publicou o seu primeiro
livro em Portugal: o romance Barcelona
Brasileira (Lisboa, Editora Nova Arrancada), que saiu no Brasil em 2002
pela Publisher Brasil, de São Paulo. Barcelona
Brasileira e Os Vira-Latas da Madrugada
fazem parte do “ciclo de romances de identidade portuária” e são estudados em
vários dos ensaios reunidos em Esquinas
do Mundo: ensaios sobre História e Literatura a partir do Porto de Santos
(São Paulo, Dobra Editorial, 2013), do historiador Alessandro Atanes, mestre em
História Social pela USP.
Em 2003, Gonçalves publicou pela
Editorial Caminho, de Lisboa, Bocage – o
Perfil Perdido, seu primeiro trabalho de pós-doutorado, para o qual obteve
bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp).
Escreveu em 2010-2011 Direito e Justiça em
Terras d´El Rei: ouvidores, juízes de fora, juízes ordinários e vereadores em
São Paulo colonial (1709-1822), com bolsa da Unip, seu segundo trabalho de pós-doutorado,
ainda inédito.
Jornalista desde 1972, trabalhou em O Estado de S. Paulo, Empresa Folha da
Manhã, Editora Abril e A Tribuna, de
Santos, tendo sido correspondente da revista Época em Lisboa em 1999-2000. É colaborador desde 1994 da revista Vértice, de Lisboa. Escreve regularmente
para o quinzenário As Artes Entre as
Letras, do Porto, e Jornal Opção,
de Goiânia. É sócio-correspondente da
Academia Brasileira de Filologia (Abrafil) e assessor cultural e de imprensa do
Centro Lusófono Camões da Universidade Estatal Pedagógica Hertzen, de São
Petersburgo, Rússia.
Escreveu prefácios para dois livros
de contos de Machado de Assis publicados em 2006 e 2007 pelo Centro Lusófono
Camões da Universidade Hertzen em edição bilingue russo-portuguesa, com o apoio
do Ministério das Relações Exteriores do Brasil. Participou do livro Studi su Fernando Pessoa, publicado em
2010 por Edizioni dell´Urogallo, de Perugia, Itália, com o ensaio “Ambiguità e
ossimoro: simboli dell´universo e del mistero in Fernando Pessoa” (“Ambiguidade
e oximoro: símbolo do universo e do mistério em Fernando Pessoa”). Participou
com o ensaio “O feminismo negro de Paulina Chiziane” do livro Passagens para o Índico: encontros
brasileiros com a literatura moçambicana, de Rita Chaves e Tania Macêdo,
organizadoras (Maputo, Marimbique, 2012).
Também colabora com as revistas Colóquio/Letras, de Lisboa, Forma
Breve, da Universidade de Aveiro, Revista
Brasileira, da ABL, Revista do Centro
de Estudos Portugueses (Cesp), da Universidade Federal de Minas Gerais, Cultura – Revista de História e Teoria das
Ideias, do Centro de História da Cultura da Universidade Nova de Lisboa, e Revista Estudos Avançados, do Instituto
de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo (USP), entre outras, além
de escrever para sites e revistas eletrônicas do Brasil, Portugal e Moçambique.
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Tomás Antônio
Gonzaga,
de Adelto Gonçalves. Rio de Janeiro/São Paulo: Academia Brasileira de
Letras/Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 68 págs., 2012, R$ 10,00.
E-mail: livros@imprensaoficial.com.br