As
cadeiras
em
volta da mesa
brincam
de roda.
Às
vezes
rodo
em volta da mesa,
meus
quatro pés de madeira,
minha
boca de álcool,
meus
dedos de colherinha,
meus
ouvidos
de
dar dó,
um
dó maior.
Meu
coração entra na roda
e
samba
–
meu coração é uma mesa-redonda
de
opiniões contraditórias.
Algumas
vezes
as
mesas se despenteiam,
as
mãos nas cadeiras.
Deixo
de herança
apenas
a roda da fortuna
que
me põe de cabeça pra baixo.
Meus
livros
são
cartas na mesa
com
destinatário desconhecido.
Toda
mesa é de jogo
quando
a gente se senta para escrever
–
cada palavra é parte de uma roleta.
Meus
versos são minha roleta-russa.