O que me queima,
devora e rói,
está na carne do tempo
e se move letárgico,
espasmódico e tenro,
um veleiro na montanha.
As geleiras,
que águas foram
e à água voltarão,
se automutilam
na voracidade de calor
e desistência.
A madrugada regurgita
seu caminho de escuros
e especula a existência de pés.
Acomodados no sofá,
ouvimos a geleira do passado.
Minhas mãos
têm dez línguas que falam por uma.
Mas em nenhuma delas sei dizer a palavra
adeus.