segunda-feira, 30 de maio de 2022

Cansaço dos buquês, poema RCF













De carro ou a pé,
foge da bifurcação que é uma forquilha
que lhe atira a primeira pedra.
Pedestre,
não tem mais nenhuma ânsia de pé.
Queria andar de quatro,
quatro pés no chão,
quatro mãos na terra,
quatro dimensões do medo,
quatro estações florescem no cérebro.
Veraneia devaneios,
hiberna sentimentos,
no outono, caem folhas de papel,
floresce seu desgosto
– um buquê de mágoas
que não murcham.



(do livro Memória dos porcos. Rio: 7Letras, 2012)










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