Mais uma vez o Nobel pisa na bola
milionária e literária. Além de, ao longo de sua história, ter ignorado autores
como James Joyce e Proust, entre muitíssimos outros, agora premia Bob Dylan. Sou
fã de Dylan – que tirou seu nome artístico do poeta Dylan Thomas – e me transporto,
ao ouvi-lo, ao mundo encantado da música e da boa letra, da genial letra das canções.
A arte literária cada vez perde mais
espaço num mundo fascinado pela prestidigitação do virtual e da imagem. A
literatura, prima paupérrima das artes, só tem seu momento de brilho
hollywoodiano ao dar o prêmio para um escritor. O público em geral fica
encantado, da mesma maneira que nós, que não entendemos de física, ficamos
boquiaberto com as descobertas de professores da área quântica, molecular ou
cosmológica.
É um brilho fugaz como uma
estrela candente. E, desta vez, retiraram o brilho da estrela fugaz da
literatura. O que querem? Transformar a música num expressão literária? Lembro
que quando estive em Londres pela primeira vez, nos anos 70, comprei numa
lojinha alternativa um livro de poemas de Dylan. Eram horrorosos. Continue fã
do músico genial.
A literatura já tem tão pouco
prestígio e público, agora nos querem retirar o pouco que nos resta. Glória a
Dylan na música e no seu milionário mundo do entretenimento.
RCF
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