Os teus três reis magos:
a mirra das tuas palavras,
o ouro da tua lanugem,
o perfume da montanha das perdas.
Não há esperança fora dos trópicos
de tua pele marinha
e de teus olhos denegados.
Esperas que o verão não chegue
a um tempo morto
que sobrevive
apenas entre as ruínas de uma guerra civil
travada no interior
do teu corpo insurgente.
Passei a desenhar
o esquadro das despedidas,
alongando
a biografia dos ouriços,
a fineza dos bichos de seda,
que insistem em fabricar
a deserção do casulo.
Só desejo o corpo
que deixaste desnudo
ali,
e nunca mais voltaste para buscar.
(do livro Matadouro de vozes. Rio: 7Letras, 2018)
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