O que mira o mirante?
O horizonte de si mesmo?
As montanhas de sua casa?
O vale dos corredores?
O mirante também pode se abismar
diante de sua pia.
Cada batismo
é um Jordão encarcerado.
O mirante vê em cada escada
uma ascensão ou queda,
embora haja subidas que nos derrotam
e descidas que nos sublimam.
Há um cânion
que erode as paredes de casa,
um deserto
que desidrata as cadeiras da sala.
O mirante é um visitador das horas.
Até onde a vista alcança
busca a dimensão do homem.
O mirante tem a dimensão do homem
e tudo o que o apequena
ele mede seu medo e seu tempo irrisório.
O mirante é sempre um trapézio
e nos lança à hipótese de um salto sem rede.
O mirante flana indiferente
às marés altas da cidade.
A torneira é um córrego
que corre para um rio vertical.
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