sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Os direitos humanos, poema

 


 

 


 

 

 

A rua se move,

o dragão das faixas,

a centopeia dos tênis,

os sinais são todos vermelhos.

 

Passeatam em mim,

nos meios-fios da dúvida,

as manifestações

do senhor corpo

e demais considerações

no ofício da revolta.

 

Meu corpo é um ninho

posto numa rocha

exposto à ressaca

ao se chocar.

 

No carro de som do meu pulmão,

megafones gritam a reforma

do meu corpo agrário

que manifesta

o espírito desterrado

sem cultura que o lavre.

 

Nem todo ser inanimado

padece de indiferença:

o vidro chora na chuva.

Meus olhos cristalizam

as visões desafetas,

o bulício das fotos que se movem.

 

A avenida se coalha

no leite derramado

da tarde

que se expulsa

como um punho cortado.

 

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário