A rua se move,
o dragão das faixas,
a centopeia dos tênis,
os sinais são todos vermelhos.
Passeatam em mim,
nos meios-fios da dúvida,
as manifestações
do senhor corpo
e demais considerações
no ofício da revolta.
Meu corpo é um ninho
posto numa rocha
exposto à ressaca
ao se chocar.
No carro de som do meu pulmão,
megafones gritam a reforma
do meu corpo agrário
que manifesta
o espírito desterrado
sem cultura que o lavre.
Nem todo ser inanimado
padece de indiferença:
o vidro chora na chuva.
Meus olhos cristalizam
as visões desafetas,
o bulício das fotos que se movem.
A avenida se coalha
no leite derramado
da tarde
que se expulsa
como um punho cortado.
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