sábado, 18 de janeiro de 2025

Sobre macacos, leões e zoo, poema

 

 

 


 

 

 

Escrevi mais de uma vez

sobre o zoológico da alma.

Tenho muitos bichos em mim.

Por isso me impressiono

com os bichos engradados

na floresta domada do zoo.

O que mais temo

é a leonina falta de cordura

que rasga a carne da certeza.

Depois vêm os símios

que imitam o homem que não sou.

Entre eles estão

os répteis da dúvida

que rastejam a infidelidade

da minha prudência.

Acolho também os anfíbios

embora não saiba

se submersa

está a vida ou a morte.

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Réquiem do domingo, poema RCF










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Domingo se abrirá 
feito um féretro 
que cruza uma sala.
Meus pensamentos
começam a ter escamas
e salgam a palavra.
O único saber necessário
é viver.
O modo silencioso 
de os móveis morrerem.
As emoções desviantes 
pingam rumores no sofá.





( do livro Matadouro de vozes, 2018)

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Balé das aves humanas, poema

 

 

 


 

 

Toda bailarina

pretende ao voo,

com seus mil braços

como uma deusa hindu.

Igual ao planador,

desafia a gravidade

no balé das aves humanas.

 

Todo bailarino

almeja ser um beija-flor.

Toda bailarina está cansada

de ser puxada para baixo

e entediada

com a condição pesada

de ser humana.