Queria render homenagem a Clovis Senna, escritor de fina escritura, jornalista de texto acurado, e grande amigo. Nascido no Maranhão, Clovis, com sua voz miúda, ia dissertando aqui e ali sobre cultura, política e literatura, com delicadeza, senso crítico e bom humor.
Mas eis que o poeta João Carlos Taveira, no site Nosrevista, escreve sobre ele de maneira mais cabal do que eu poderia fazer. Aqui, alguns trechos do texto de Taveira:
"Nascido na cidade de Carutapera, Maranhão, em 4 de março de 1930, esse menino travesso cedo se transferiu para São Luís, onde deu prosseguimento aos estudos e começou a trabalhar como jornalista. Alguns anos mais tarde, por força da profissão, Sena foi para o Rio de Janeiro, onde viveu intensamente, com participação ativa, o processo cultural e político da antiga capital. Ali conviveu com a nata da intelectualidade brasileira, fazendo amigos (como Oswaldo Costa e Neiva Moreira) e admiradores, tanto numa área quanto na outra.
(...)Em abril de 1960, Clovis Sena veio cobrir a inauguração de Brasília, movido pela firmeza de seus propósitos e pela força de seus ideais. E nunca mais voltou.
Nos mais de cinquenta anos que viveu em Brasília, Clovis Sena conquistou uma legião de amigos em todos os setores culturais da cidade. Construiu uma sólida reputação entre professores, jornalistas, políticos, artistas e intelectuais, que poucos, como Cassiano Nunes, puderam e souberam desfrutar, com trânsito livre entre as pessoas. Foi um profissional carismático e contundente, embora manso no gesto e nas palavras.
Trabalhou no Jornal do Povo, como repórter, redator, cronista e crítico de assuntos culturais; no Jornal de Brasília, no Diário de Brasília, no Correio Braziliense e no semanário José. Durante vinte e cinco anos, foi correspondente político-parlamentar do Correio do Povo, de Porto Alegre. Pouco depois, serviu como redator nos Cadernos do Terceiro Mundo, do Rio de Janeiro. Também atuou como redator da Câmara dos Deputados, de onde estava aposentado. Clovis Sena foi tesoureiro da UNE, presidente do Comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados, no período da reabertura política (1985-86), presidente do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal (1987-88), vice-presidente da Fundação Claudio Santoro, fundador do Clube de Imprensa e do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, membro do Conselho de Cultura do Distrito Federal, do Júri Nacional de Cinema e de diversos júris do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e do Festival de Gramado. Foi crítico de cinema, de teatro e de música erudita. Pertenceu à Academia Maranhense de Letras, à Associação Nacional de Escritores, ao Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal e à Academia Brasiliense de Letras.
(...)Livros como Neiva Moreira: Testemunha de Libertação (Movimento Brasileiro pela Anistia, 1979), Flauta Rústica (Thesaurus Editora, 1981) e Fronteira Centro-Oeste (Editora Kelps, 1999) hão de ficar como vigorosos testemunhos de um homem sábio, que nos deixou uma cristalina percepção de Virgílio e, ao mesmo tempo, traçou, palmo a palmo, o mapa de alguns recantos na imensidão do Planalto Central, viajando por terra e em contato direto com o homem autóctone, antevisto por Paulo Bertran em livro também admirável. E a busca dessa compreensão de seu país, de sua gente, em Clovis Sena, não era exatamente compulsiva, ou obsessiva, mas transcendia sua visão pessoal, ideológica. Em síntese, este homem que amava a música de Beethoven, de Brahms e do amigo Claudio Santoro, tanto no gesto quanto na palavra, há de permanecer vivo e atuante em nossas mentes, em nossos corações.
Fará muita falta. Mais pela mansidão de sua presença física que pela impetuosidade de suas exposições. Tudo o que pensava, graças aos anjos, arcanjos e querubins, ficou bem registrado nos seus livros, nas páginas dos jornais em que trabalhou. E, sobretudo, nos artigos críticos de teatro, música e cinema — que ele tanto amava."
Foto de Clovis Sena por Salomão Sousa |
Queria render homenagem a Clovis Senna, escritor de fina escritura, jornalista de texto acurado, e grande amigo. Nascido no Maranhão, Clovis, com sua voz miúda, ia dissertando aqui e ali sobre cultura, política e literatura, com delicadeza, senso crítico e bom humor.
Mas eis que o poeta João Carlos Taveira, no site Nosrevista, escreve sobre ele de maneira mais cabal do que eu poderia fazer. Aqui, alguns trechos do texto de Taveira:
"Nascido na cidade de Carutapera, Maranhão, em 4 de março de 1930, esse menino travesso cedo se transferiu para São Luís, onde deu prosseguimento aos estudos e começou a trabalhar como jornalista. Alguns anos mais tarde, por força da profissão, Sena foi para o Rio de Janeiro, onde viveu intensamente, com participação ativa, o processo cultural e político da antiga capital. Ali conviveu com a nata da intelectualidade brasileira, fazendo amigos (como Oswaldo Costa e Neiva Moreira) e admiradores, tanto numa área quanto na outra.
(...)Em abril de 1960, Clovis Sena veio cobrir a inauguração de Brasília, movido pela firmeza de seus propósitos e pela força de seus ideais. E nunca mais voltou.
Nos mais de cinquenta anos que viveu em Brasília, Clovis Sena conquistou uma legião de amigos em todos os setores culturais da cidade. Construiu uma sólida reputação entre professores, jornalistas, políticos, artistas e intelectuais, que poucos, como Cassiano Nunes, puderam e souberam desfrutar, com trânsito livre entre as pessoas. Foi um profissional carismático e contundente, embora manso no gesto e nas palavras.
Trabalhou no Jornal do Povo, como repórter, redator, cronista e crítico de assuntos culturais; no Jornal de Brasília, no Diário de Brasília, no Correio Braziliense e no semanário José. Durante vinte e cinco anos, foi correspondente político-parlamentar do Correio do Povo, de Porto Alegre. Pouco depois, serviu como redator nos Cadernos do Terceiro Mundo, do Rio de Janeiro. Também atuou como redator da Câmara dos Deputados, de onde estava aposentado. Clovis Sena foi tesoureiro da UNE, presidente do Comitê de Imprensa da Câmara dos Deputados, no período da reabertura política (1985-86), presidente do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal (1987-88), vice-presidente da Fundação Claudio Santoro, fundador do Clube de Imprensa e do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, membro do Conselho de Cultura do Distrito Federal, do Júri Nacional de Cinema e de diversos júris do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e do Festival de Gramado. Foi crítico de cinema, de teatro e de música erudita. Pertenceu à Academia Maranhense de Letras, à Associação Nacional de Escritores, ao Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal e à Academia Brasiliense de Letras.
(...)Livros como Neiva Moreira: Testemunha de Libertação (Movimento Brasileiro pela Anistia, 1979), Flauta Rústica (Thesaurus Editora, 1981) e Fronteira Centro-Oeste (Editora Kelps, 1999) hão de ficar como vigorosos testemunhos de um homem sábio, que nos deixou uma cristalina percepção de Virgílio e, ao mesmo tempo, traçou, palmo a palmo, o mapa de alguns recantos na imensidão do Planalto Central, viajando por terra e em contato direto com o homem autóctone, antevisto por Paulo Bertran em livro também admirável. E a busca dessa compreensão de seu país, de sua gente, em Clovis Sena, não era exatamente compulsiva, ou obsessiva, mas transcendia sua visão pessoal, ideológica. Em síntese, este homem que amava a música de Beethoven, de Brahms e do amigo Claudio Santoro, tanto no gesto quanto na palavra, há de permanecer vivo e atuante em nossas mentes, em nossos corações.
Fará muita falta. Mais pela mansidão de sua presença física que pela impetuosidade de suas exposições. Tudo o que pensava, graças aos anjos, arcanjos e querubins, ficou bem registrado nos seus livros, nas páginas dos jornais em que trabalhou. E, sobretudo, nos artigos críticos de teatro, música e cinema — que ele tanto amava."
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