Raimundo Lopes ao dezessete anos |
É dele O
torrão maranhense, um dos primeiros livros sobre a geografia da região.
Livro escrito ainda em sua vida juvenil. Publica-o em 1916. Mais tarde, começam
a aparecer no Boletim do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, os
capítulos do que viriam compor o volume Uma
região tropical, livro que a inteligência luminosa de Joaquim Itapary
chamou de “obra rara, que enriquece e valoriza como poucos a bibliografia
maranhense”. Nesse livro estão o homem e seu meio, as questões sociais,
econômicas e históricas. “Uma região tropical” é uma extensão e aprofundamento
do livro inicial. É dele ainda a condenação das queimadas, sua consciência
ecológica tão moderna que o faz nosso contemporâneo e até mesmo visionário ao
escrever em “Uma região tropical”: “Como em todo o país, a formação das
culturas parte da abusiva usança das queimadas, que fazem arder, num dia,
trechos valiosos de florestas esplêndidas. Anda-se pelo interior e, à beira das
veredas, de repente, abre-se o claro de uma roça, com pedaços de troncos
carbonizados pelo chão. Os fazedores de desertos continuam a incendiar
florestas, e tudo está muito bem...”
Raimundo
Lopes é pioneiro na descoberta de sambaquis, chamados pelos caboclos de
estearias ou cacarias, no vale do rio Pindaré, que remontavam há dois mil anos
a.C. Esta descoberta transforma Raimundo Lopes num desbravador e, feito
inédito, aponta em terras americanas as primeiras habitações lacustres no
continente. Assim como é dele também a importante descoberta do Sambaqui da
Maiobinha, que foi classificada como sítio de alta relevância por órgão federal
por demais conhecido na área do patrimônio.
Trabalhou
mais tarde no Museu Nacional. Na década de 30, passou a dar aulas na Rádio MEC
sobre geografia, o que resultou no livro Antropogeografia
– suas origens, seu objeto, seu campo de estudo e tendências”. Anotando suas
palestras transmitidas pela Rádio Ministério da Educação, Raimundo Lopes, ainda
no leito de hospital, chega a ditar antes do coma final, apresentação à matéria
do que seria seu livro Antropogeografia, volume em que o autor alarga
suas pesquisas e amplia sua inteligência científica para questões
antropológicas de cunho universal, embora em cada capítulo tenha reservado
espaço para observações sobre seu país.
Membro
da Academia Maranhense de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico do
Maranhão e da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro, Raimundo Lopes sempre
será lembrado como o sábio que estudou a vida do homem maranhense, sua formação
humana, seu meio físico, seu solo e sua geografia, sua antropologia e sua
arqueologia.
Morre
em 1941, depois de uma vida de ensino e pesquisa. Uma vida dedicada ao
entendimento da história e geografia maranhenses não feitas pelos vultos ou por
acidentes famosos, mas pela pesquisa minudente do passado do homem maranhense.
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