terça-feira, 20 de novembro de 2012

Entre Viana e Viena, de Lourival Serejo

CENTO E UMA NOITES





           Os livros de crônica sofrem o perigo de desatualização. Por ser sua característica basearem-se nos fatos cotidianos, muitas crônicas falecem do que vivem: a matéria datada. Os livros de crônica que sobrevivem a essa insidiosa barreira o fazem utilizando-se do recurso do estilo.

Este é o caso do volume Entre Viana e Viena, 100 crônicas escolhidas (Ed. Universitária UFPB, 2012), do escritor Lourival Serejo. Seu estilo é sereno, elegante e bem cuidado. O objeto da crônica apresenta-se bem urdido. E seu desenvolvimento adequado transforma o livro de Serejo numa deliciosa 100 e uma noites da crônica maranhense.  E, observem, que o Maranhão ofertou no passado e brinda-nos no presente cronistas do mais alto nível como Jomar Moraes, Joaquim Itapary, Ceres Costa Fernandes, José Ewerton Neto, Ubiratan Teixeira, José Chagas, Nauro Machado e muitos outros que o espaço não me permite alongar.

As crônicas foram publicadas no jornal O progresso, de Imperatriz ou no “espaço da Academia Imperatrizense de Letras”. O restante em O Estado do Maranhão e em O renascer vianense, da Academia de Letras de Viana. Algumas são inéditas.

Com sua simplicidade de análise, com a calma própria de quem chegará ao âmago de seu tema, Serejo oferece aos leitores uma escrita envolvente, aliciadora, uma conversa ao pé do ouvido. De estilo claro, a crônica de Lourival Serejo, desembargador e membro da Academia Maranhense de Letras, passeia por vários temas. Vai desde Nietzsche, Chatô, os personagens de Natal, Borges e seus espelhos até a atualidade de Aluísio Azevedo, o belo e sentido elogio a Raimundo Rodrigues Bogéa e tantas outras figuras e temas da vida maranhense, nacional e internacional

O leitor, a este ponto, deve se perguntar onde estará a centésima primeira crônica de um livro que já traz em seu título o número de textos. E lhes responderei: vale a introdução como a crônica faltante e o círculo se fecha tal qual nas arábicas Mil e uma noites.
Eis um livro para degustar como as porções diminutas que multiplicam e estimulam o apetite da leitura.






 

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