O ciclope de
alvenaria brilha seu único olho
para as naves
que são pescadaspela luz em seu flerte com o mar.
O ciclope não
tem Ninguém que o perturbe,
nada que lhe
fure o olho da odisseiae o desembriague da cabeça que roda.
O ciclope
eletrônico
criou outros
olhos de vidroa fim de os navios
com seu corpo de casco
não navegar sobre pedras
que não é caminho de navios.
Há tempos que
meus olhos de vidro,
sem rumo e
escuros, nada enxergamna noite dos dias e temo a lâmina
das pedras escondidas pela vida
que querem a todo instante cortar
meu casco e criar tumba salgada no cotidiano
que não tem um único olho a me orientar.
(do livro Memória dos porcos. Rio: 7Letras, 2012)
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