segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Viva a bobagem. O fim da literatura


Rubem Fonseca, hoje, não seria publicado’, diz diretor do selo Fantasy
Autor da série de fantasia ‘Dragões de Éter’, Raphael Draccon afirma que a era dos autores reclusos acabou
‘É preciso que sua história de vida seja tão impactante quanto a que você criou’, afirma escritor carioca
Editor do selo de literatura fantástica da Casa da Palavra, Draccon participará da 16ª Bienal do Livro do Rio





O escritor carioca Raphael Draccon: mais de 200 mil livros vendidos  Leandro Bergamo / Divulgação 

RIO - A partir deste sábado, a 16ª Bienal do Livro do Rio será invadida por autores de literatura fantástica e seus fãs fervorosos. Este é o dia em que Raphael Draccon, autor da série “Dragões de Éter”, conversará com o público do Acampamento (espaço dedicado aos jovens) sobre o tema “Escritos e escritores de literatura fantástica no Brasil”, às 17h. Além de abordar o processo de criação de universos literários - como Nova Ether, habitado por bruxas e outros seres mágicos -, Draccon, que também é diretor do selo Fantasy, da Casa da Palavra, responderá à pergunta que mais ouve: como se tornar um escritor de sucesso?
- Todo mundo acha que tem uma história boa e que ela daria um livro. Então, a pergunta que o escritor deve se fazer é: “O que eu ofereço para a editora além da minha obra?”. É preciso que sua história de vida e sua personalidade sejam tão impactantes quanto a fantasia que você criou - afirma o escritor carioca.

Veja também
Bienal do Livro do Rio promove concurso de ‘fan fiction’ na web
Nicholas Sparks: ‘É a mesma fórmula para qualquer gênero’
‘Quero que o casamento dure’, brinca Mauricio de Sousa sobre parceria com Thalita Rebouças
'É possível fazer sucesso nacional sem estar no cinema ou na TV'
Tico Santa Cruz em versão ‘não recomendada’ para adolescentes
Autor best-seller recria a história de Krypton, planeta do Super-Homem

Com mais de 200 mil exemplares vendidos da saga “Dragões de Éter”, Draccon decreta que a era dos autores introspectivos acabou. Segundo ele, hoje, é preciso participar de muitos eventos e saber se comunicar com o leitor.
- Os adolescentes são ávidos, estão sempre passando por descobertas e questionamentos. Para eles, a literatura fantástica é uma metáfora do que está acontecendo em suas vidas. Por isso, o escritor precisa ter um conteúdo para transmitir e precisa saber se apresentar em público também - observa Draccon. - Esse autor introspectivo, que passa o dia dentro de casa escrevendo, não existe mais. Rubem Fonseca, hoje, não seria publicado. Ele é de outra escola, outra época.
Consciente da polêmica que a afirmação sobre o premiado - e, sabidamente, recluso - escritor brasileiro pode gerar, Draccon reforça a importância da comunicação na vida de um aspirante a escritor. Sua dica é que o candidato crie um público através da internet, através de blogs ou podcasts, por exemplo, antes de procurar uma editora. O próprio coordenador do selo Fantasy encerrou o recebimento de exemplares originais em seu escritório.
- Dois dias depois de anunciar a abertura do selo, já tinham chegado mais de 80 livros - conta Draccon.
O jeito é chegar aos ouvidos e os olhos do editor de outras formas.
- Participo de eventos de literatura de fantasia no Brasil todo e estou sempre acessível na internet. Se o cara ainda não chegou até mim, é porque ele não está pronto para o mercado - diz.
Mas esse é só o primeiro passo. O segundo estágio é ter todos os seus perfis na internet minuciosamente analisados por Draccon e a equipe de redes sociais da Casa da Palavra.
- Fazemos uma varredura da vida online da pessoa. Se houver um post sequer dela falando mal de outro autor ou comprando briga na internet, ela é cortada na hora - avisa.
Essa é a postura de um expoente do seguimento literário que cresceu graças à união entre seus autores. Não é à toa que Draccon e os colegas Eduardo Spohr (“A batalha do apocalipse”) e André Vianco (“Os sete”) se tornaram conhecidos como “a santa trindade da literatura fantástica brasileira”. E os três continuam chamando novos autores para integrarem sua rede.
- Preferimos nos unir do que competir. Assim, um divulga o livro do outro - justifica o criador de Nova Ether, que conheceu sua mulher, a também autora de livros de fantasia Carolina Munhóz, através do amigo Spohr. - Ele descobriu o talento da Carolina para a literatura e nos apresentou. De padrinho dela, me tornei marido.
Carolina também conversará com o público da Bienal neste sábado, às 15h, no pavilhão Verde do Riocentro. No dia 7, a vez será de Eduardo Spohr e André Vianco assumirem os microfones, às 16h30 e 18h30, respectivamente. A entrada custa R$ 14 (tem meia).

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário