Há dois séculos, a cultura era vista como um agente de mudança, sua missão era educar, esclarecer e permitir novos pensamentos e criações. Segundo o sociólogo Zygmunt Bauman, a cultura se transformou em um objeto de moda, uma loja com prateleiras superlotadas.
"O 'projeto iluminista' conferiu à cultura o status de ferramenta básica para a construção de uma nação, de um Estado e de um Estado-nação", escreve Bauman em "A Cultura no Mundo Líquido Moderno". "Hoje, a cultura consiste em ofertas, e não em proibições; em proposições, não em normas".
Zygmunt Bauman rememora os deslocamentos históricos do conceito de cultura .
O que foi separado em "alta cultura", gosto médio ou "filisteu", característico da classe média, e "vulgar" não tem mais suas fronteiras tão delimitadas como era décadas atrás.
Para Richard A. Peterson, professor do departamento de sociologia da Universidade de Vanderbilt (Nashville, nos EUA), nos tornamos "onívoros" no que diz respeito ao consumo cultural.
"O princípio de elitismo cultural é onívoro --está à vontade em qualquer ambiente cultural, sem considerar nenhum deles seu lar, muito menos o único lar", conta Bauman.
"A Cultura no Mundo Líquido Moderno" traz uma reflexão sobre a dissolução das hierarquias num mundo marcado pela globalização e pelo imediatismo. Em uma cultura líquida, nenhuma tendência dura mais do que uma piscadela.
"Em suma", diz o autor, "a cultura da modernidade líquida não tem um 'populacho' a ser esclarecido e dignificado; tem, contudo, clientes a seduzir".
Entre outros títulos, Bauman, professor emérito das universidades de Varsóvia e de Leeds, é autor de "Danos Colaterais: Desigualdades Sociais numa Era Global", "Modernidade Líquida", "Amor Líquido", "O Mal-Estar da Pós-Modernidade", "Isto Não É um Diário", "Confiança e Medo na Cidade" e "Capitalismo Parasitário".
(fonte: Livraria da Folha)
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