Essa vegetação dos cabelos
são tranças do ovário.
E o coque de aspereza,
a trama de parecer uma sendo várias.
Ceifar o milharal dos canos,
os ipês sopram ventos roxos,
semear a monocultura dos esgotos urbanos.
Os receios esterilizam a terra
e as estações de metrô
trazem sempre o inverno do cimento.
Só os loucos têm razão,
choramingos febre sezão ai ai Deus.
Talvez as chuvas de verão
me tragam abrigo
e agosto, época de seca,
me chova torpezas.
(do livro Eterno passageiro, Ed. Varanda, 2004)
Nenhum comentário:
Postar um comentário