O encouraçado Potemkim*,
ao nível do mar, era a esperança
de bonés jogados ao alto,
confetes no amanhã.
O Kursk, desencouraçado, é a Rússia
com sua máfia de ferro,
tráfico submarino de desesperança,
inflação mercantil de náufragos,
para onde lançar bonés ao alto
se o alto não existe?
O Kursk assombra porque é o destino
submerso, a vontade naufragada.
Antes se fazia poema
para a resistência de Stalingrado;
o Kursk é o épico às avessas,
a derrota da máquina,
a desilusão nuclear no coração russo,
navegar em cemitérios,
o caixão gigantesco de ferro e decadência.
Nota: Em agosto de 2000, o submarino nuclear Kursk afundou. Toda a tripulação de 118 homens morreu. Potemkim é o encouraçado símbolo da revolução russa de 1917.
(imagem retirada da internet)
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