A vida levou minha cartilagem e deixou uma biografia de André Breton.
Mancarei convincentemente e te escreverei uma carta salpicada de surrealismo francês.
Pode não parecer, mas, de verdade, este é o meu adeus à juventude como eu a praticava quando era jovem.
Que momentos maravilhosos me mostraram, cartilagem, coração, cotovelos, glândula pineal.
Havia uma festa e eu era convidado.
Havia corrida e o vento me via como seu irmão.
Havia "eia!" e isso era eu injetando complacência com aquela dança folk.
Mas nostalgia:
vá para o inferno.
Não farei isso.
Não serei uma lampreia ao lado do passado, sugando em busca de vida boa
porque tive
e tenho uma vida boa.
Obrigado a vocês, glândulas sudoríparas, talas nos tornozelos, pedras nos rins, cinestesia
por me dizerem onde estou no espaço em relação à luz do sol, peitos, açafrão,
vida.
Aqui.
Aqui é onde estou no espaço.
Aqui é onde o espaço está em mim.
Tradução do poeta Alberto Bresciani
(In Elegy Owed, 2013)
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