e embacia o vidro em que o homem vive
no eterno carro do seu corpo
que avança sob vendaval.
Vê homens líquidos
atrás do vidro deliquescente
que dissolve árvore, rua,
e mais que rua, os caminhos.
Avança no aguaceiro dos sentidos.
O dedo longo do limpador
de para-brisa lhe diz não
para a vida além do vidro.
O chão é feito de água
e se encharca de memória.
Há obstáculos por toda paisagem molhada
como molhada e cheia de obstáculos
é o passado que o impede ver adiante.
Os obstáculos são reais ou imaginários,
o que nada muda porque continuam a ser obstáculos,
pois embora não os vejamos
supor já é fazê-los existir.
(foto:reuben wu)
Nenhum comentário:
Postar um comentário