segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Sou animal pacífico, poema RCF


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Sou animal pacífico
mas não doméstico,
selvagem e rústico,
mas sem garras e peçonha.
Só a mim me causo dano,
só a mim rujo, ladro,
arranho, avanço e bico.

Não há necessidade de predador
para quem vive acossado.
Não tenho habitat.
Sou um bicho de pena,
um bicho de culpa,
um bicho de desencanto,
não preciso que me cacem
já me basto como caçador.


(do livro Memória dos porcos. Rio: 7Letras, 2012)




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