quinta-feira, 5 de novembro de 2020

A bexiga do martírio, poema RCF


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Não se respiram linhas,
não se veste de linhas,
não se alimenta de linhas.
Há dias que desperto para o sonho.
O corpo é terra fértil.
As palavras, que poderiam
ser abrigo, destelham.
O cipoal das palavras na floresta das folhas em branco.
Ninguém ensina o martírio.
Ele está em nós como uma bexiga.



(do livro O difícil exercício das cinzas. Rio: 7Letras, 2014)

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