miró |
O imenso ventre roliço de ferro,
a batedeira cujas entranhas
são feitas de pedra e vômito de cimento,
ainda moles, no gestar do ato,
no desenho futuro da casa fixa,
este gesto não é o gesto de viver,
mas a sonolência dos impertinentes,
a insensatez das falésias que se abismam
ou o corte abrupto dos tratores
no exato ato de construir não mais a casa,
e, sim, a vida, cheia de cortes e abismos,
falésias ao café da manhã,
dormências de ventres roliços de pão e vazio,
as linhas da casa não projetada na própria vida
a casa aqui não é o útero,
além existem as estradas com suas curvas precipitadas,
desejos de abismos, vertigens de cimento e asco,
a imensidão do nada na batedeira
que mistura o risco de viver
e o traçado da casa que virá
ainda é apenas o projeto de vida,
sendo germinada no útero de ferro,
cimento, cascalho e náusea.
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