Amazonas de bolso
e sua pororoca de conflitos.
Os desejos são palafitas
que as águas – as águas
tudo desmancham – invadem
a precária madeira dos sonhos.
Dentro da bolsa traz
as salinas do amargo
e a cegueira da luz branca.
Tantos amores desperfeitos,
deslindos, desamáveis,
descarinhosos, desmeigos
e, ao final, desfeitos.
Dedica-se a cultivar
um curto horto de delicadeza
na jardineira do apartamento
onde brota uma solidão indolente.
(O difícil exercício das cinzas, 2014)
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