Em Hopper, não há a solidão que todos dizem.
Aquele casal na lanchonete,
as moças no quarto
ou no vagão de trem
estão imobilizados de vida
– de vida tão grave
que nada escapa (como nos buracos negros)
de seu campo de gravidade.
Ali estão os autômatos de Hopper
em sua fantástica viagem em torno de si mesmo.
Não é a vida americana
que é criticada.
O que nos desnorteia em Hopper
– e nos fascina –
é que nos vemos na lanchonete,
na parada de ônibus ou no vagão de trem.
Estamos imobilizados – hopperianos –
em têmpera e colorido,
fixos na tela do tempo,
e, irremediavelmente, presos a nós mesmos,
a vida como um quadro americano
do qual não podemos escapar.
(do livro A máquina das mãos, 7Letras, 2009)
(imagem retirada da internet: Hopper)
(imagem retirada da internet: Hopper)